Em uma participação por telefone no Programa Edenevaldo Alves, nesta quarta-feira (10), o artista plástico Lêdo Ivo assumiu a autoria do incêndio ocorrido no dia 6 de abril na obra da Mãe D’Água, situada no Rio São Francisco, à beira da orla de Petrolina (PE). Ivo alegou que o ato teria sido feito como forma de intervenção artística em uma modalidade que se enquadra como happening – que envolve uma ação direta feita sobre uma obra para questionar outro assunto.

Segundo o artista, a motivação por trás do incêndio foi a cobrança de uma dívida da prefeitura pela obra de Osvaldo Coelho, situada em frente à Univasf Campus Petrolina. De acordo com Ivo, “a obra, encomendada em 2016, foi paralisada porque o prefeito da época, Julio Lossio, não pagou os custos”. O artista afirma que não pôde entregá-la completamente pronta porque faltou verba, segundo ele, “apropriada indevidamente pelo ex-prefeito”. Em decorrência disso, Ivo usou a estátua da Mãe D’Água, que afirma ser de sua propriedade, para fazer essa sensibilização e questionar a sociedade sobre o fato.

O artista relata que se sente injustiçado. “Não é justo que um homem com o propósito de Osvaldo Coelho seja esquecido e que eu, como artista, possa sofrer uma retaliação por parte de um prefeito ou de outro”. Na entrevista, ele afirma ainda que deve para a Receita Federal por conta da nota que tirou para receber o pagamento da obra, e que tentou por quatro meses receber o valor restante também de Miguel Coelho, prefeito que sucedeu Júlio Lossio, que na ocasião disse (segundo Ivo) que não iria se comprometer com dívidas da gestão anterior.

Ivo ainda deu detalhes de como fez a ação. “Comprei gasolina, óleo diesel, aluguei um barco e me dirigi para lá só com o barqueiro. Atirei a substância, que pegou fogo em segundos, e voltei para casa”. Ele pediu, inclusive, que ninguém o critique achando que ele fez por mal. “Não foi por petulância, nem por arrogância, mas por um pedido de socorro”, justificou.