Em 2020, o caso George Floyd (cidadão negro asfixiado até a morte por um policial nos EUA) impulsionou tanto a luta antirracista no mundo que abalou até os ambientes corporativos. Opinião pública, ativistas, consumidores, empregados e investidores aumentaram a pressão sobre empresas para exigir diversidade nas organizações, inclusive no Brasil.
A partir daí, houve uma enxurrada de processos seletivos focados na inclusão de negros nos quadros das companhias, incluindo programas de trainees só para negros e seleção de executivos pretos ou pardos para cargos de liderança.
Três anos após polêmicas e compromissos corporativos à luz do S da sigla ESG (que resume ações ambientais, sociais e de governança em empresas), as novas oportunidades abertas a profissionais negros no Brasil ainda não reduziram a desigualdade racial na remuneração.
Na mesma função, negros ainda ganham menos que brancos, aponta um levantamento do portal de recrutamento Vagas que evidencia a correlação entre cor da pele e salário. Em média, pardos ganham 9% menos que profissionais equivalentes brancos. A distância é ainda maior entre pretos e brancos: 16%. Entre os negros, pretos recebem 9% menos que mestiços, de pele mais clara.
— Quando profissionais brancos e negros têm qualificações semelhantes, os primeiros ganham mais que os segundos para executarem as mesmas tarefas, o que demonstra preconceito estrutural no ambiente corporativo — afirma Renan Batistela, especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão no Vagas.
Os dados foram colhidos para O Globo no banco de dados da plataforma, mas pesquisas do IBGE já apontaram o tamanho dessa discrepância no país. O estudo “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”, divulgado em 2022, estimou que, entre pessoas com nível superior, o rendimento médio por hora dos brancos é cerca de 50% superior ao dos pretos. A vantagem cai para cerca de 40% em relação aos pardos. (Agência O Globo)