Teve pixuleco gigante do presidente Jair Bolsonaro, teve montagem de foto dele com os filhos vestidos de presidiários, e cartazes em homenagem a quem perdeu algum ente querido. O Brasil foi outra vez às ruas neste sábado, 19 de junho, para se manifestar contra Bolsonaro, justamente no dia em que o país atingiu a marca de mais de 500.000 mortos. Vidas perdidas diante de um mandatário que zombou das regras de distanciamento, enquanto o país se protegia do vírus. Novamente, bandeiras de sindicatos, partidos e coletivos coloriram as ruas em diversas capitais, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, que arrastaram mais multidões. Em São Paulo, as pessoas começaram a se reunir às 16h00 na avenida Paulista, na altura do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Pouco depois das 17h, milhares se estendiam ao longo de 9 quarteirões.
Com cartazes, camisetas e adesivos pedindo a saída do presidente, os manifestantes, a grande maioria de máscaras, tentaram engrossar as fileiras de revolta contra o quadro atual da pandemia de coronavírus e seus desdobramentos. Além das 500.000 mortes por Covid-19, a lentidão da vacinação, a volta do auxílio emergencial de 600 reais, o desemprego, o descaso com a educação e com o meio ambiente, e o uso da violência contra a população negra estiveram foram os motes nas ruas. A socióloga Dulce Neri, de 71 anos, não havia ido ao ato do dia 29 de maio porque ficou com medo da aglomeração. Mas, para o protesto deste sábado decidiu, que não dava mais para ficar em casa. Veio com suas filhas e neto. “Impossível ficar quieta em casa com 500.000 mortos e esse desgoverno”, disse ela na Avenida Paulista.
As ruas no Brasil se movem e a classe política tenta se sintonizar com suas demandas. Senadores da CPI da Pandemia aproveitaram a data para assumir o compromisso de que os responsáveis por parte do meio milhão de mortes “pagarão pelos seus erros, omissões, desprezos e deboches”. “Não chegamos a esse quadro devastador, desumano, por acaso. Há culpados e eles, no que depender da CPI, serão punidos exemplarmente. Os crimes contra a humanidade, os morticínios e os genocídios não se apagam, nem prescrevem. Eles se eternizam e, antes da justiça Divina, eles se encontrarão com a justiça dos homens”. O texto foi assinado por nove senadores, entre eles Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (REDE-AP), e Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Os atos deste sábado foram convocados pela frente Brasil Popular, pela Coalizão Negra por Direitos e pela frente Povo sem Medo, que tem Guilherme Boulos, principal liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e ex-candidato à presidência e à prefeitura de São Paulo pelo PSOL, como um dos coordenadores. Juntos, congregam centenas de movimentos sociais. Mas os atos também contaram com apoio de algumas organizações de centro, como o Movimento Acredito. Nas redes sociais, o movimento ganhou a hashtag #19JForaBolsonaro e desde cedo já era o principal assunto no Twitter.
Com informações de El País